quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

é como se quase fosse
é uma alegria por quase ir
alegria porque se sabe da tristeza de empacar
cavalo teimoso e exausto no meio do mato
imagina, adivinha esse outro lado
chegará?
será que há como se sair de uma coisa assim de vez?
ficamos inundados da coisa e parece que não é só olhar pra ver
desenha em pensamento campos floridos, bosques, pessoas, crianças, palavras
e também o outro lado da vida que é burocrático por excelência
mas que também vai se encaixando nessa imagem meio onírica de antes
: é estado de espírito
nessas horas dizia-se besta besta besta
não haveria palavra mais adequada na sua linguagem
e parece que era por aí que se encontrava
não de se encontrar de corpo e alma
mas de achar espaço, caminho, saída, ar
se quase ia
sentia-se indo
besta como um cavalo agalopado
enveredando caminhos grandes
experimentando sentimentos como se voasse pipa
e supunha que haveria de se chegar
e precisava, quase que religiosamente
repetir que sim que sim que sim
para que acreditasse em seu próprio verbo
que era um corpo inteiro
e ainda o estava descobrindo