segunda-feira, 5 de março de 2012

pessoal e intransferível

um sol lindo daqueles que quase me imagino com uma coroa de flores no meio de um campo bem verde bem grande e bonito estendendo uma espécie de toalha de pano enorme e esvoaçante, aí sem querer você bate na minha perna e me lembro que estoy aqui e agora e tenho que ir comprar flores novas para colocar no vaso vazio - visualizo o VAZIO em letras garrafais toda vez que o olho dentro do vaso - enfim, continuando, comprar flores para colocar dentro desse vazio em cima da mesa pra lembrar a mim mesma que há uma solaridade na vida. e é para lembrar disso que faço coisas como comprar flores, vestir amarelo, beber água de coco e olhar o mar muito longamente. é quase uma infantilidade, um estereótipo, clichê, caricatura, mas que me apego com uma espécie de fé que não tenho com mais nada nesse mundo. e por esse motivo me permito. coloco um vestido florido, um chapéu grande e saio carregando uma sacola, como una camponesa contemporânea, por entre as avenidas e semáforos. sutilmente esse estilo me faz manter a crença de que dará certo - O QUÊ? - não sei, apenas me sinto vez em quando assaltada por esse desejo de acreditar que algo muito importante e vital dará certo para mim. aí cruzo a primeira esquina e uma nuvem escura e insuspeitada começa a despontar em cima da minha cabeça e da de outras pessoas ao redor e a derrubar gotas de chuva lentas que vão se intensificando. me desaponto. me apeguei com o cenário de tal forma. volto pra casa contrariada, não é mais isso que quero, quase melancolizo. ao chegar na porta de casa uma vizinha me oferece uma sombrinha lilás com uns babados nas pontas - surreal - então agora me sinto una completa camponesa em jardim de cimento: vou ali colher as flores.