quarta-feira, 14 de novembro de 2012

espantos, encantos


não sei se com todo mundo funciona assim, mas de vez em quando me pego pensando:
- para onde será que está indo a minha vida, do jeito assim que ando vivendo? onde é que vai dar? VAI DAR?
vou fingindo que não é grave, que é desimportante saber. finjo que o que importa é só o presente, é o que dizem a todo momento. vivo como se fosse mar. sendo intimamente aquário (ora que bobagem, achar que sei com alguma clareza quem sou ou quem deixo de ser!). e como dizer que finjo se o que chamo de fingir tem sido minha mais acostumada rotina? e como confiar em rotina se sou vulcão adormecido, prestes a entrar em erupção a qualquer minuto, dia, ano ou século?
minha natureza é anti-natural: vivo de remexer-me, cutucar-me até que eu possa chegar no oposto ao qual me encontro no momento presente. nada que é retilíneo me diz respeito. me dizem respeito as coisas sem forma, sem motivo, sem destino, tentando harmonizar estética e vivência, claridade e profundidade. Sou eu, a própria coisa disforme, buscando um encaixe (frouxo) que me caiba em aresta e em conteúdo abstrato, denso e líquido - para no momento seguinte descaber.