debrucei-me sobre aquela varanda de luz amarelo-azulada
não que eu ignorasse aquela mesa farta, aquele cheirinho de manjericão, tua perna colada na minha, aquele vento forte que balançava meus desacostumados cabelos longos
olhei pro de fora: era mar (dentro era amar)
foi depois de ver o mar que vi skates, patinetes, carros, bicicletas, pranchas de surfe, patins, motocicletas, pés, muletas, velocípedes
parece claro: é sobre andar, que falo
me pego pensando sobre mãos, contramãos, esquinas, freios, highways
penso tanto nesse andar que agora aperreia
para um depois, quem sabe, acaricia
preciso aprender nova forma de andar? apenas tocar aquela a qual pertenço? (mais do que me aprisiona)
também falo sobre sobre uma espécie de geografia pessoal, esse por onde andar
coração que dá pistas, sigo caminhos e entrelinhas, tateio mais do que piso
sobretudo respiro muito
vez em quando espirro
caio bastante
: tô no caminho do caminho
mas não é procura
é mais fluxo, espinha, linha
tenho uma coisa em mim que fica - não é que fica: tenho uma coisa em mim que é entre visão e audição, entre sorriso e lágrima
acho que é a maior emoção que sinto
ela me faz parir: mudanças
- tá frio aqui!, tua voz me chama
concordo contigo, com palavras, gestos, corpo inteiro
me dás um cheiro quentinho naquele canto miúdo entre o nariz e a boca (é imenso)
é sobre pisar fundo no que pulsa, amor